quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Deixa eu falar filha da puta.

♪ Foi mal, foi mal, foi mal ae véi
Se eu falei um monte de coisa que você não gosta
Com o microfone eu tenho a faca e o queijo
Olho o jornal, eu ouço rádio, eu só ouço bosta
E na TV eu não gosto de nada que eu vejo ♪ 

Barbudos, barulhentos, fedorentos, drogados e alcoólatras é bem a noção que se tem do Rock. De quem canta, de quem toca, de quem gosta. 
O Rock and Roll sai do convencional com suas letras dinâmicas, expressivas e cheias de palavrão. Dizem o que sentem vontade sobre o que vivemos em sociedade e por diversas vezes deixamos de prestar atenção na mensagem que a música passa. 

Assim como o rap, o reggae e  o hardcore, o Rock sai do que é considerado normal e mostra em suas melodias mais do que a sociedade espera. São os então chamados polêmicos ou foras da lei. 

É de se esperar que a maioria da população mundial, para uma vida plena e saudável, seja seguidor das leis, não cuspa no chão ou tenha medo de falar o que pensa sobre algum assunto por questões do tipo, manter a integridade, manter o emocional e até mesmo não magoar o coração alheio pobre e ingênuo. 

A questão é, algumas pessoas não são assim. E nem porque querem ser polêmicas, caóticas ou politicamente incorretas.  Mas porque não aceitam serem politicamente desonestos. Desonesto com a verdade, consigo mesmo, com o próximo. Não ter medo de ser criticado pelo que pensa e simplesmente dizer. Dizer e manipular o sentimento de quando nos perguntam o porquê de tanta revolta. 

Acredito que quem pensa desta forma, além de medíocre, é o reflexo de que a pessoa não está entendendo nada daquilo que você esta expondo. Acham que ter opinião é ser carro chefe de quem quer aparecer.
As pessoas esquecem de que vivemos em um país "reprimidérrimo", onde "botam na bunda da gente" e ninguém  reclama. Agente come cocô e acha graça. E quando aparece quem não concorda com o que esta fora do que os grandes intelectuais determinam, são tachados como esses seres diferentes da sociedade aceita. 

Eu não entendo o direito que o governo acha que tem para estipular o que uma pessoa deve por na boca ou tirar dela. 
Cada um tem o direito de falar o que bem entender. Ofendendo o outro ou não. Azar. O ofendido geralmente é um idiota.

Eu posso não gostar de sertanejo, de rebolar no funk, de anões, de usar calça jeans, de gente azul ou com três cabeças. E é um direito meu de me manifestar se me der vontade. Não cabe a você julgar o que eu falo ou não. Afinal, quem é que não tem preconceitos?

Tanto porquê você também julga, a diferença é que prefere ter uma imagem serena e bondosa diante dos outros e é fraco o bastante pra se conter com as aparências.

Gigantes fazem as leis, e eu posso não concordar com elas. 
A livre expressão é o que constrói a nação.
Independentemente da moeda ou sua cotação.
Deixa eu falar filha da puta! Expressão!!!!

Por Gabriela Peres



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Texto baseado em frases do Cantor Lobão em entrevista ao AET e 
na música Deixa eu falar dos Raimundos.